Postagem em destaque

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Sem falsas ideologias, por favor!

É comum falarmos sobre ideologia, mesmo que nem sempre saibamos ou somos tão precisos ao usar tal termo. Isso porque existem vários conceitos, crenças e concepções ao redor de um tema, para mim, tão subjetivo. Eu, por exemplo, quando ouço ou vejo a palavra ideologia, logo lembro-me da música do cantor e compositor Cazuza que diz “Ideologia, eu quero uma pra viver!”.




 Na verdade, ao analisar a letra da música, o poeta quer dizer o contrário: "Eu não preciso disso para viver!" E faz uma crítica a tudo ou a todos que nos propõe algo real, baseado em idéias independentes, “condenadas” e mal elaboradas para influenciar à vida em sociedade. Então, podemos questionar: Precisamos dessas idéias “elaboradas” para explicar nossa realidade? 

Essa ideologia poetizada por Cazuza é baseada em idéias desconhecidas do real e realmente não faz falta a nossa sociedade. A função da ideologia é dar à uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para tais diferenças sociais. Muito mais do que idéias elaboradas, a ideologia seria uma teoria crítica para explicar e/ou representar a luta de um povo.

Neste sentido mais marxistaMarilena Chauí, em seu livro O que é Ideologia, diz ser praticamente impossível entender o significado de ideologia, sem saber sobre a história dessa sociedade e sua luta de classes.

O vídeo O perigo de uma única história, da escritora nigeriana Chimamanda Adichie , é um exemplo dessa ideologia baseada na luta de classes. Adichie, oriunda de uma classe considerada de pessoas negras, famintas, sem educação, e sem perspectiva de vida, nos conta a história de como ela se encontrou meio a tantas histórias sobrepostas sobre sua vida e sua cultura, e nos adverte sobre o perigo de acreditar nas várias “versões” de uma única história sobre outra pessoa ou país. 

Segundo ela, corremos o risco do mal-entendido, quando diz que “uma única história cria estereótipos, e o problema com estereótipos não é que eles não sejam verdadeiros; eles são incompletos” e de como somos “impressionáveis” e “vulneráveis” perante essa única história. São crenças, opiniões e idéias conceituadas sem se saber as causas e os motivos e sem avaliar se são coerentes e verdadeiras. 

Falar sobre o conceito de história, principalmente quando se trata da história de cada um, é algo bem complexo, se não, perigoso. Adichie, assim como muitos de nós, principalmente os estereotipados, sofrem com essas histórias imaginárias. 

Um exemplo clássico disso é o preconceito que os nordestinos sofrem pelos sulistas. Sou nordestina e isso me incomoda muito. Incomoda, por saber como uma única história é formada a partir de versões deformadas, seguidas de (pre)conceitos que denominam nós nordestinos como um "povo burro".

É a historia contada por muitos que segue-se sendo como a única. É o perigo de se acreditar em uma única história contada por quem nunca a viveu ou não a vive. Assim, seguimos vivemos em uma enraizada ideologia, na qual, nossas vidas, nossas culturas são sobrepostas por pessoas que as idealizam sem antes buscar entendê-las.

Uma vida sem falsas ideologias para você!!

Veja o vídeo de Chimamanda Adichie abaixo:






2 comentários:

Cristiano Sakoi disse...

Interessante o texto. Seu conteúdo demonstra um aspecto interessante da formação de ideologias. Acredito que a ideologia oriunda de uma história corre grande risco de ter em seu bojo premissas não condizentes para uma geração futura ou até mesmo para um curto espaço de tempo futuro; pois, a história de alguém ou de algo na luta por um objetivo ou missão reflete a demanda para aquele povo ou pessoa naquele momento, e sendo assim, está longe de expressar algo absoluto ou próximo disso que chugue a dar um norte para pessoas em suas aspirações de vida; pois, estas demandas para o ser humano mudam de tempos em tempos, assim, como a mente humana muda, se transforma e evolui na linha de tempo da vida.

Syrla Rosa disse...

Oi, Cristiano!
Obrigada por ter gostado e compartilhado sobre o tema!
Sim, nossas aspirações, crenças, opiniões só dizem respeito a nós mesmos, seja como indivíduos seja como povo. E nada é pior do que uma única versão de tudo que esses valores nos representam. Um abraço!